29 de fevereiro de 2012

Esses dias me perguntaram se eu estava triste...

Triste?! Eu?! Não...que isso...
Triste eu ficava quando você não me ligava no almoço, triste eu era quando você não me levava para tomar sorvete ou quando você ficava trabalhando até mais tarde, aí eu ficava triste, agora não...tristeza é uma dádiva para os vivos, o que sinto, o que tenho é um aniquilamento total de tudo o que eu era...
Dor?! Dor eu sentia quando você me dava um tapa brincando, quando eu batia meu dedão na quina da cama, não, agora não sinto mais dor, estou dilacerada, amputada, a dor é um alívio para o que sinto...
Chorar?! Não, não tenho mais lágrimas, eu chorava quando olhava para você e dizia que te amava, chorava de rir quando via os videos do mundo canibal, chorava quando tinha um sonho mau, não choro mais, o que acontece agora é que meu coração esmagado escorre pelos meus olhos.
Medo?! Não, isso não me pertence, medo eu tinha do escuro, medo eu tinha de engordar, medo de cobra e escorpião, não, não, medo eu tinha de te perder...agoro eu tenho pavor quando abro os olhos ao acordar e constato que ainda existo, pavor ao ver que terei que suportar mais um dia sem respirar.
Luto?! Não, não estou de luto, fica de luto quem enterra alguem proximo. Melancolia? Não, Freud sinto te dizer que melancolia eu não tenho. Depressão? Também não tenho nada disso. Sabe por quê? Porque só tem essas coisas quem existe, eu sou apenas uma sombra vagando até o momento de sumir completamente.
Esperança de te encontrar? Não, absolutamente não, sabe por quê? Porque eu sou você e você sou eu, quando você morreu eu morri contigo, não te encontrarei porque na verdade não estive longe de ti nenhum segundo.